O Músico

Para entender um pouco da relação de Rodolfo Pamplona Filho, nada melhor do que um bate-papo com ele que desde a infância mantém viva a sua relação com a música, mais intensificada no período colegial como vocalista da banda Treblebes . Hoje está à frente da Palestra Cantada, uma mostra musicada de direito, além da “Croonres in Concert”. Conheça mais essa história.


– Como descreveria sua relação com a música? Qual papel ela tem em sua vida? Qual experiência marcou sua história de forma que a música ganhasse um espaço significativo?

RPF – A música começou na minha vida de forma instintiva. De certa forma, todo mundo mantém algum tipo de relação com a música, ainda que pela sensibilidade ou gosto, mas, no meu caso, isso também se deu do ponto de vista da educação. Eu estudei alguns instrumentos musicais, embora não me sinta instrumentista.
Quando era criança, estudei piano. Na adolescência, violão e saxofone. Também fui aprendendo a tocar outros instrumentos de ouvido.
Estudar música, ouvir música, aprender música, construir música, criar música, faz parte de um processo muito mais amplo de uma relação com a arte e com a sensibilidade.

Eu lembro de meu pai que tinha 50 anos de idade de diferença pra mim, cantando árias italianas e canções espanholas… Cresci ouvindo-o cantar músicas de seu tempo, produzidas por nomes como Cartola ou Pixinguinha, obras que, depois, foram revisitadas ou revividas por artistas da contemporaneidade (como Marisa Monte, entre outros).
Eu lembro de ouvir isso e achar bonito, tomando como referência e, muitas vezes, paradigma, influenciando minha própria forma de ver o mundo.

Também no Colégio Antônio Vieira, tive acesso à música, através das mostras de som e dos festivais internos de música, espaços onde compreendi a ideia da produção artística e vivenciei, pela primeira 
vez, o palco.

O palco se tornou a minha praia, o espaço que me faz faltava!

– Juiz, professor, escritor, poeta. Você se considera um músico também?

Porque não me considerar também um músico? O que é realmente ser um músico?

Se ser músico é tentar traduzir, através de melodias, harmonias ou ritmos, todo um complexo de sentimentos e expressões, eu também sou músico. Eu não consigo me ver sem música.

A música faz parte do meu dia a dia, faz parte da minha vivência, faz parte de tudo que passo olhando para o mundo.

Eu relaciono o meu dia a dia com a música e me vejo, por meio da música, lançando minhas mensagens.


– Você tem algumas composições suas. Como é seu processo criativo?

O meu processo criativo tanto de música quanto de poesia diz respeito a vivências pessoais ou a sentimentos alheios que incorporo como se fossem meus e tento sentir, na minha pele ou, pelo menos, na minha emoção, aquilo que acho que as outras pessoas sentiram. Então, nesse ponto, um tema, uma ideia, um choque, uma imagem faz com que eu queira produzir.

Por vezes, um bate papo em uma mesa de bar, outras vezes uma conversa em uma mesa de audiência, às vezes simplesmente passando em um detector de metais, faz com que eu produza um poema ou uma música. Não é um processo normalmente com uma única metodologia. Normalmente, eu construo primeiro a poesia e depois tento musicá-la, mas já fiz situações inversas, em que construí primeiro uma harmonia, depois uma melodia e, por fim, uma letra.

Então, não há um único modelo ou uma única forma ou um único processo criativo. Há, na verdade, um sentimento e a forma com que isso vai acontecendo no dia a dia.



 

Crooners in Concert

Cultura, conhecimento e arte. O tripé é visto por Rodolfo Pamplona Filho e Adelmo Schindler Jr. como norteador da existência humana e foi bebendo nele que, em 2014, a dupla de músicos sentiu o despertar para a vontade de tocar standards de jazz, segmento que há muito vinha sendo degligenciado no cenário baiano.

O projeto ganhou corpo quando a ele foram encorporados os músicos Fábio Rocha e Cássio Brasil. Assim nasceu a Crooners in Concert com um repertório que tem sua base no jazz, mas que passeia pela MBP, Blues, Rock e até Tango.


 


 

O Projeto “Cronners in Concert” começou dentro da Unifacs. Sou professor do curso de Direito da Unifacs e, em 2014, estava convocado pela – à época – Diretora da Escola de Negócios de Direito e Hospitalidade, professora Simone Branco, para coordenar toda parte de pesquisa e extensão da escola.

Em uma reunião com coordenadores e professores dos diversos cursos a ela vinculados, tive contato com o – à época – coordenador do Curso de Contabilidade, que era Adelmo Schindler Jr., que se tornou o guitarrista do Cronners.

Em um debate com um professor da casa, eu, do meu jeito histriônico, comecei a cantar um trecho de ópera dentro da reunião.

Espantado, depois, por telefone, ele perguntou se eu não toparia, um dia, fazer um projeto musical. Ele perguntou do que eu gostava. Eu disse que gostava, de tudo, um pouco (ou um muito). Rimos.

Mas, em função do meu timbre de voz, pensamos em fazer alguma coisa na linha de Elvis Presley. Construímos um repertório inicial que, de repente, foi se ampliando com interpretação inspiradas em canções imortalizadas por intérpretes (outros “crooners”) de Jazz, como Frank Sinatra, Nat King Cole, Ray Charles… A essa concepção original, fomos incorporando aspectos de Rock (Beatles, Stones, Hendrix…) e de tango (Carlos Gardel).

Concebido o projeto, eu como vocalista e Adelmo como guitarrista, agregaram-se dois músicos profissionais fantásticos, Fábio Rocha (baixista) e (Cássio Brasil), baterista. O que era um projeto de duas pessoas que começavam a se identificar musicalmente e como amigos, foi se tornando algo maior do que se imaginava.
 
Fizemos uma primeira apresentação pública no Seminário da primeira edição do Projeto “Universidade que Sente”, coordenado pela professora Fernanda Barretto, da Unifacs. O resultado teve tanta visibilidade e repercussão, que passamos a fazer apresentações no bar Santo Graal (hoje Édem) e em outros espaços de Salvador, até culminar nos dois grandes shows no Teatro Eva Herz (na Livraria Cultura, no Salvador Shopping).


Rodolfo Pamplona Filho


Assista show completo




 

Palestra Cantada

Unir direito e arte levaram Rodolfo Pamplona Filho a criar um modelo único de palestra. A apresentação conta com banda e uma performance rica em conteúdo que tem como panorama pérolas da MPB. Como é ele próprio explica "A ideia (inicial) foi explicar a evolução das relações de família do Brasil do século XIX ao século XXI, através da música popular brasileira". Desde quando foi criada, em 2011, a Palestra Cantada já foi apresentada em eventos jurídicos nos diversos estados brasileiros. Conheça um pouco dessa história.
 


 
A Palestra Cantada foi elaborada inicialmente por uma proposta de Rodrigo da Cunha Pereira, Presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família. Ele, que é advogado e psicanalista, ficou, certa vez, impressionado com minha voz cantando ópera em uma palestra no Piauí, tendo dito: “ Rodolfo, porque você não apresenta no Congresso Nacional do IBDFam uma palestra sobre Direito de Família e Arte?”

Pensei inicialmente em fazer uma apresentação com data show, contando trechos de filmes e novelas, mas comecei a achar que isso era muito pouco. Daí, foi feito o desafio de produzir um roteiro e ser acompanhado por músicos – ele me apresentou dois músicos mineiros: um pianista e um violinista. Fiz apenas dois ensaios de duas horas com esses músicos (o primeiro na noite de 14 de novembro de 2011 e o segundo na manhã de 15 de novembro de 2011) e, já pela tarde do dia 15, apresentei a palestra que fez um sucesso tão grande, que passei a reapresentá-la em diversos rincões do país.

A ideia foi explicar a evolução das relações de família do Brasil do século XIX ao século XXI, através da música popular brasileira. Assim, começa-se com a repressão feminina (as “Mulheres de Atenas”, de Chico Buarque; “Amélia”, de Mário Lago, e “Emília”, de Wilson Batista) e vai-se passando pelos mais importantes temas das relações de familia no Brasil, sempre por meio da MPB, inclusive de pérolas do cancioneiro brega (como “Pare de tomar a pílula”, de Odair José; “O telefone chora”, de Márcio José; “Eu tenho dois amores”, de Fernando Mendes, entre outros).

Sem sombra de dúvida, é uma experiência muito interessante e, no Brasil hoje, sou o único que consta que faz esse modelo de palestra. Essa palestra foi apresentada em mais de uma dezenas de cidades brasileiras e continuo recebendo convites para encená-la. Além disso, tenho minutas de outras modalidades de palestra cantada.

Fiz uma sobre as relações entre pais e filhos – já a fiz uma vez em um seminário em homenagem a Maria Berenice Dias, no Rio Grande do Sul – e uma (ainda inédita) sobre relações trabalhistas.


Rodolfo Pamplona Filho


Assista alguns trechos da Palestra Cantada







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Parcerias

Como músico, Rodolfo Pamplona Filho já realizou diversas composições com outros artistas, a exemplo da canão "Amor de Pai", musicada por Paulo Temporal e "Violões", feita em parceria com o músico Marcelo Paulo.


 





 

Projetos Antigos

A música sempre esteve presente na vida de Rodolfo Pamplona Filho. Quqndo criança, estudou piano e, já adolescente, frequantou aulas de violão e saxsofone. Também foi nesse período que, junto com colegas do Colégio Antônio Vieira, participou da banda Treblebes. O conjunto tinha composições próprias e participação ativamente das tradicionais Mostras de Som e festivais internos de música daquele colégio.
 






Assista mais Musicais de Rodolfo Pamplona Filho






 

Depoimentos

Rodolfo sempre foi destaque

Rodolfo sempre foi protagonista. Extrovertido e diferenciado, sempre atraiu os holofotes nos shows da Treblebes.


Rodolfo sempre foi destaque. Ele sempre estava à frente da sua época. Muito cedo já tinha concluído o curso de Inglês e de Francês. Fundador da Banda Treblebes junto com outros dois amigos Cedric Nelson Romano e Jorge Eduardo Bettio Pigeard tinham como objetivo se divertir, criar e associar o pop-rock aos encontros com amigos. Em pouco tempo, com a inclusão de mais dois componentes Iuri Vieira e Cristiano Macchi, a Treblebes passou, naturalmente, a ter uma característica: com exceção do baterista, todos nasceram em 1972.

Rodolfo sempre foi protagonista. Extrovertido e diferenciado, sempre atraiu os holofotes nos shows da Treblebes. Irreverente, comprometido e bastante motivado, curtia cada apresentação como se fosse única. Tudo que ele faz é sempre com muito afinco e dedicação. Seja escrevendo, declamando, compondo, debatendo, representando, argumentando, ensinando, aprendendo. Enfim, Rodolfo é um ótimo amigo e uma ótima referência. É um ser humano sensível, amigo, verdadeiro e apaixonado por compartilhar conhecimento e conteúdo.

Iuri Vieira



Rodolfo Pamplona Filho e um coração

A arte permeia o percurso deste homem simples desde as incursões nas “mostras de som” da década de 80.
 


 
Um homem plural no mais puro sentido que esta palavra pode ensejar. Dono de um dom que muitos querem ter e poucos conseguem. Apenas ser em si e cantar em dó, levar a sua arte, nas suas mais diversas formas dentro do seu coração em todas as suas funções, quer seja como professor, magistrado ou escritor, Pai, filho ou cuidador, feroz, doce ou sensato, gente, crente ou cidadão, no lugar do pobre, do poeta ou do peão. A arte permeia o percurso deste homem simples desde as incursões nas “mostras de som” da década de 80. Hoje fazem falta, pois aproximavam muitos talentos e era um grande incentivo à cultura onde o músico, cantor e compositor, poeta e amante das artes construia seu arcabouço plural e intenso. Escritor de caráter marcante, transita dos brocardos jurídicos que ensinam e orientam tantos estudantes e profissionais no campo jurídico até a prosa e o verso que encantam como joias sem podar, apenas tentando lapidar aos que têm a oportunidade de conhecer a sua obra. E por falar em obra … como tratar o assunto sem falar em vocação? qual sempre foi a sua vocação? Será que se pode afirmar que de fato existe na sua vida uma só vocação? De certo não sei responder, mas de uma coisa estou convencido, a música se não é a sua vocação primeira é de extrema importância para o seu coração. Ouvi um dia, de alguém muito especial a seguinte frase: “Uma decisão deve ser sempre racional”. Passado algum tempo e depois de alguma reflexão, respondi: se formos racionais e colocarmos uma escuta, daquelas que os médicos usam, vamos ouvir as batidas de um coração, pois não existe razão que cure os desejos de um coração, estes são os mais verdadeiros e por isso mesmo, os mais sensatos, os mais racionais. Como resultado desta história de vida, a nossa vida, a razão me faz ter a convicção de que tudo que este homem simples, irmão querido e que tem em uma mão o poder para proferir, a voz e o exemplo para ensinar, de outro lado têm as duas mãos para segurar um microfone e a voz para encantar.

Adelmo Schindler Junior
02/10/2015

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