Como se deu a escolha dos autores e do homenageado no seu quinto livro, Processo do Trabalho - Estudos em homenagem ao professor José Augusto Rodrigues Pinto?
Rodolfo Pamplona Filho - Rodrigues Pinto foi meu professor na graduação, me ensinou direito individual do trabalho e direito processual do trabalho. É um juiz do trabalho aposentado, muito sério, muito rigoroso. Foi um grande professor, talvez o melhor ou um dos melhores que eu já tive na vida. Com certeza, alguém que se tornou um amigo muito próximo, referência parental, padrinho de casamento, essas coisas. Era alguém que nunca foi muito valorizado na sua terra, era mais valorizado fora do Estado, o que eu sempre achei um absurdo. Quando fui aluno dele, ele coordenou um livro em homenagem a outro professor, esse já falecido, e que, como ele, não foi tão valorizado, Elson Gottschalk, da Universidade Federal da Bahia também. Achei interessante esse resgate de história e de valorização de quem fez muito pela doutrina. Então, quando eu já tinha lançado dois livros pela LTR São Paulo [Precisão trabalhista e Pluralidade Sindical], estive conversando com o dono LTR, Drº. Armando Casimiro Costa e seu filho Armandinho.
Como foi a experiência de coordenar uma publicação coletiva?
Rodolfo Pamplona Filho - Não é algo fácil. É coordenar vaidades, coordenar prazos, estabelecer limites, até quando dá para esperar ou não, paginações. E isso ainda numa época em que a gente não tinha internet, então era tudo nas cartas. Eu mandava cartas com aviso de recebimento para Deus e o mundo. Para ter esses dados, foi um trabalho monstruoso, aí eu fui escolhendo nomes que eram representativos do processo do trabalho, nomes locais e nacionais, e saí mandando cartas para todo mundo, até para quem eu não conhecia. Foi uma oportunidade muito interessante, acabei conhecendo várias pessoas que eu não tinha contato, conhecia de livros, de artigos, de palestras, mas nunca tinha visto. Acabei fazendo amigos, parceiros, muitos da Academia Brasileira de Direito do Trabalho que, na época era a Academia Nacional de Direito do Trabalho. De certa forma, foi isso até que alavancou a minha carreira acadêmica e me referenciou para, no futuro, poder participar da Academia.
Foi um livro que marcou um momento de sua vida...
Rodolfo Pamplona Filho - Eu me formei no dia 4 de fevereiro de 1995. Tomei posse como juiz em 10 de julho de 1995, casei dia 30 de setembro, e já lancei meu primeiro livro em 1996. Foram três livros naquele ano, três livros em 1997 e três em 1998. Esse foi o meu quinto livro publicado, o segundo de 1997. Logo depois, as pessoas já começaram a ventilar meu nome para a Academia. Eu concorri pela primeira vez em 1999, aos 27 anos. Estava começando no magistério. A minha história no magistério é uma história interessante. Eu sempre dei aula. No Vieira, eu dava banca de matemática e de física. Já na faculdade, era monitor de direito civil, ensinava aos alunos e alguns deles se tornaram meus colegas. Formalmente, a minha estreia no magistério se deu no segundo semestre de 1996, quando estava em São Paulo, fazendo mestrado. Comecei de carteira assinada, numa universidade em São Caetano do Sul, lá em São Paulo. Quando voltei para a Bahia, em 1997, para terminar de escrever a dissertação, voltando à ativa, fui contratado como professor da Universidade Católica. Então, naquele ano, eu já era professor da Católica, já tinha lançado três livros, iria lançar o quarto e depois o quinto, como professor da Católica.
E como escritor? Conte-nos um pouco sobre essa experiência.
Rodolfo Pamplona Filho - Havia uma constatação que me parecia saltar aos olhos: a geração que me antecedeu era uma geração que seria bem definida por Anísio Teixeira como a geração agrafa, ou seja, pessoas brilhantes que não escreviam, não registravam. Nós tivemos, na área do direito, um homem muito à frente do seu tempo, seja na produção, seja na reflexão, que era o professor Orlando Gomes. Pouquíssimos são os juristas baianos que têm entre 50 e 65 anos hoje. Conta-se nos dedos. Se você pega o pessoal de minha idade para baixo, está todo mundo produzindo. Claro que isso pode coincidir, por ser uma geração calada pela ditadura, vários fatores podem ter levado a uma ausência de produção intelectual. Mas, o fato é que alguém precisava dizer: é possível, não é impossível, vamos lá fazer. Eu fiz. E abri portas para Deus e o mundo.